Apresentamos o discurso pronunciado por Bento XVI no Aeroporto Internacional de Rafiq
Hariri de Beirute, ao fim de sua Viagem Apostólica ao Líbano.
Senhor Presidente da República,
Senhores Presidentes do Parlamento e do Conselho de Ministr
os,
Suas Beatitudes, amados Irmãos no Episcopado,
Ilustres Autoridades civis e religiosas,
Queridos amigos!
Chegado o momento da partida, é com pena que deixo
este querido Líbano. Agradeço-lhe, Senhor Presidente, as suas palavras e o ter
favorecido, com o Governo cujos Representantes saúdo,
a organização dos diversos acontecimentos que marcaram a minha presença
no vosso meio, assistida de forma notável pela eficiência dos
diversos serviços da República e do setor privado. Agradeço também ao
Patriarca Béchara Boutros Raï e a todos os
Patriarcas presentes bem como aos Bispos orientais
e latinos, aos presbíteros e aos diáconos, aos religiosos e religiosas,
aos seminaristas e aos fiéis que se deslocaram para me receber. Visitando-vos, é como se Pedro viesse ter
convosco, e vós recebestes Pedro com a cordialidade que caracteriza
as vossas Igrejas e a vossa cultura.
Os meus agradecimentos dirigem-se de
modo particular para todo o povo libanês, que forma um belo e rico mosaico
e que soube manifestar ao Sucessor de Pedro o seu entusiasmo, graças à
contribuição multiforme e específica de cada comunidade. Agradeço
cordialmente às veneráveis Igrejas irmãs e às comunidades protestantes.
Agradeço de modo particular aos representantes das comunidades muçulmanas.
Durante toda a minha estadia, pude constatar
quanto a vossa presença contribuiu
para o bom êxito da minha viagem. O mundo árabe e o mundo inteiro verão,
nestes tempos conturbados, cristãos e muçulmanos reunidos para celebrar a
paz. É tradicional no Médio Oriente receber o hóspede de passagem com consideração e respeito, e assim o fizestes. A todos
agradeço. Mas, à consideração e ao respeito, juntastes um complemento, que
se pode comparar a uma daquelas famosas especiarias orientais que
enriquece o sabor dos alimentos: o vosso calor e o vosso coração, que me
deixaram o desejo de voltar. Eu vo-lo agradeço de forma particular. Deus
vos abençoe por isso.
Durante a minha breve estadia,
motivada principalmente pela assinatura e entrega da Exortação apostólica
Ecclesia in Medio Oriente, pude encontrar os diversos componentes da vossa
sociedade. Houve momentos mais oficiais, outros mais íntimos, momentos de
alta densidade religiosa e fervorosa oração, e outros ainda marcados pelo
entusiasmo da juventude. Dou graças a Deus por estas oportunidades que Ele
permitiu, pelos encontros qualificados que pude ter, e pela oração que foi
feita por todos e a favor de todos no Líbano e no Médio Oriente, independentemente da origem ou da confissão religiosa
de cada um.
Na sua sabedoria, Salomão fez apelo a
Hiram de Tiro para o ajudar na construção duma casa ao nome de Deus, um
santuário para a eternidade (cf. Sir 47, 13). E Hiram, que evoquei à minha
chegada, enviou madeira dos cedros do Líbano (cf. 1 Rs 5, 22). Todo o interior
do Templo era revestido de cedro em tábuas entalhadas com flores e frutos
(cf. 1 Rs 6, 18). O Líbano estava presente no santuário de Deus. Oxalá o
Líbano de hoje, com os seus habitantes,
continue a estar presente no santuário de Deus. Possa o Líbano continuar a
ser um espaço onde os homens e as mulheres vivam em harmonia e paz uns com
os outros, para darem ao mundo, não apenas o testemunho da existência de
Deus – primeiro tema do Sínodo passado – mas igualmente o da comunhão
entre os homens – segundo tema do Sínodo –qualquer que seja a sua sensibilidade
política, comunitária e religiosa.
Rezo a Deus pelo Líbano, para que
viva em paz e resista com coragem a tudo o que poderia destrui-la ou
ameaçá-la. Desejo que o Líbano continue a permitir a pluralidade das
tradições religiosas e a não dar ouvidos à voz daqueles que a querem
impedir. Espero que o Líbano reforce a comunhão entre todos os seus
habitantes, seja qual for a comunidade e religião a que pertençam,
rejeitando decididamente tudo o que poderia levar à desunião e optando
com determinação pela fraternidade. Estas são as flores agradáveis a Deus,
virtudes que são possíveis e conviria
consolidá-las com um enraizamento ainda maior.
A Virgem Maria, venerada com devoção
e ternura pelos fiéis das confissões religiosas aqui presentes, é um
modelo seguro para avançar com esperança pelo caminho duma fraternidade
vivida e autêntica. Bem o compreendeu o Líbano, ao proclamar há algum
tempo o dia 25 de Março como feriado, permitindo assim a todos os seus
habitantes poder viver em medida crescente a sua unidade na serenidade.
Que a Virgem Maria, cujos santuários antigos
são tão numerosos no vosso país, continue a acompanhar-vos e a inspirar-vos.
Deus abençoe o Líbano e todos os
libaneses. Que Ele não cesse de atraí-los a Si para lhes conceder a vida
eterna. Que Ele os cumule da sua alegria, da sua paz e da sua luz. Deus abençoe
todo o Médio Oriente. Sobre cada um e cada uma de vós, invoco de todo o
coração a abundância das bênçãos divinas. «
لِيُبَارِك الربُّ جميعَكُم » [Deus vos abençoe a todos].
Fonte: Zenit
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