quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Reflexão


Dar e receber perdão
     Na comunidade de Jesus não existem limites para o perdão. Ao entrar na comunidade, cada pessoa já recebeu do Pai, um perdão sem limites. A vida na comunidade precisa, portanto, basear-se no amor e na misericórdia, compartilhando entre todos, esse perdão que cada um recebeu. Só é capaz de perdoar o próximo quem, de fato, faz a experiência de sentir-se perdoado por Deus. Pelo contrário, quem se mostra inflexível e incapaz de perdoar, dá mostras de não reconhecer o quanto foi perdoado por Deus. A insensibilidade em relação ao dom recebido de Deus torna impossível a concessão de perdão ao próximo.          A simples consciência da imensidade do perdão recebido de Deus deveria ser suficiente para motivar as pessoas a perdoar. A parábola do servo cruel está centrada neste tema. Quando se tratou de ser perdoado pelo rei que lhe havia emprestado uma quantia enorme de dinheiro, e não tinha com que pagar, o servo suplicou-lhe clemência e tempo. Comovido, o rei deixou-o partir, perdoando-lhe toda a dívida. Logo em seguida, porém, ao encontrar um companheiro que lhe devia uma quantia irrisória, foi incapaz de sensibilizar-se quando este lhe pediu tempo e clemência para quitar seu débito. E mandou aprisioná-lo. O rei ficou indignado. Parecia-lhe evidente que, assim como o servo havia sido objeto de compaixão, tendo recebido o perdão de sua dívida, o mesmo deveria ter feito com seu companheiro. Por conseguinte, a falta de compaixão para com o próximo impede que se faça a experiência da compaixão de Deus. Deus perdoa a quem está disposto a perdoar. Uma das características fundamentais da revelação do amor de Deus em Jesus é o perdão, fruto da misericórdia. Na antiga Lei predominavam o revide à agressão e o extermínio do inimigo. A interrogação de Pedro a Jesus indica uma tolerância limitada à ofensa. A resposta de Jesus, com a figuração numérica de "setenta vezes sete", revela que o perdão não tem limites. Só quem se julga justo é que mede até onde se perdoa e dispõe-se a condenar. Nesse sentido segue a parábola narrada por Jesus. Aquele que é perdoado não pode negar seu perdão a outrem. Quem toma consciência de que recebeu o infinito perdão do Deus misericordioso, deve perdoar sem limites. A proposta do perdão sem limites remove a idéia da vingança e da prevenção contra o "inimigo”. No Primeiro Testamento predomina o revide à agressão, e o extermínio do "inimigo", o qual é mencionado em 56 Salmos. Quaresma é tempo de perdão, conforme pedimos na oração do Pai Nosso.

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