Hoje, ultrapassamos a idéia do chamado
pai provedor, enquanto ele é capaz de trabalhar, até arduamente, para abrigar
sua família, colocar comida na mesa e pagar as contas no final do mês. A
paternidade começa no compromisso de vida do marido para com sua esposa,
baseando-se no amor desinteressado e generoso.
Os filhos e filhas devem reconhecer no
pai a presença do amor, da escuta e do apoio oportuno para o seu crescimento,
para se tornarem pessoas com conhecimento dos seus direitos e
responsabilidades; o apoio para alcançar a auto-estima, a autêntica autonomia e
independência e também para compartilhar e celebrar os seus sucessos, e dar
conforto quando confrontado com o fracasso.
O que conta para o cristão é a forma
como o Pai orienta seus filhos para Jesus Cristo, e qual o papel de modelo de
fidelidade de valores ele realmente quer apresentar no seio de sua família.
Neste sentido, o pai é chamado a assegurar o desenvolvimento harmonioso e de união entre todos os membros da sua família. Deve partilhar com a esposa a formação dos filhos.
Neste sentido, o pai é chamado a assegurar o desenvolvimento harmonioso e de união entre todos os membros da sua família. Deve partilhar com a esposa a formação dos filhos.
Podemos afirmar que a paternidade é
própria de uma verdadeira espiritualidade da família. Deus é a fonte da vida e
do amor em que a família vive no mundo de hoje. O saudoso Papa Paulo VI já nos
recordava na Encíclica Humanae Vitae que o casamento “não é efeito do acaso ou
do produto da evolução de forças naturais inconscientes: é uma instituição
sapiente do Criador para realizar na humanidade o seu desígnio de amor (HV 8).
Daí que, na missão de pai, este é
convidado a frutificar e ter a vida ao máximo, exercendo sua função específica
biológica e psicológica no contexto da família.
Poderíamos dizer que a missão do Pai é
uma vocação, em última instância, do próprio matrimônio. Este significa, antes
de tudo, a união de uma pessoa com todos os seus valores e tudo o que deve
representar a medida de sua própria dignidade. Todo homem e toda mulher deve
doar-se mutuamente em dom sincero de si, através das expressões de sua
masculinidade e de feminilidade, o que transpassará certamente para o seu
relacionamento com os filhos que virão de sua união.
A família é sempre desafiada com
variados problemas urgentes, que são, na verdade, provocados pelas tendências
de sua secularização.
Neste contexto, surge o conceito de Pai
como serviço no amor. Novamente nos adverte Paulo VI: “na tarefa de transmitir
a vida, os pais não são livres para procederem à vontade, como se pudessem
determinar, de forma totalmente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem
conformar a sua atividade de acordo com a intenção criadora de Deus, expressa
na própria natureza do matrimônio e de seus atos”.
A criança não pode exercer certas fases
de sua maturidade psicológica sem a ajuda paterna, que a ajude a ousar e a
enfrentar as adversidades da vida. O pai educa principalmente pela sua conduta
pessoal, que consigo também carrega os seus variados aspectos da masculinidade
do ser humano. Os filhos e filhas olham para a figura paterna muito mais do que
apenas como uma extensão de seus conhecimentos limitados. Olham para seus
gestos, suas expressões e para o seu testemunho. Procuram neste um valor e um
sentido de suas vidas, que encontrarão, certamente, na realidade das coisas, na
vida que se apresentará diante deles, um dia.
Em suma, a paternidade é um “link” para
as consciências dos filhos, que os orienta na condução moral e nos princípios
éticos de suas existências.
Roguemos, hoje, a São José, como modelo
de pai que abraçou por inteiro as suas responsabilidades, ressaltando a sua
firmeza e sua perseverança, confiando sempre em Deus e no seu plano. Quantos
pais estão diante das frustrações da procura por emprego, ou de desejo de dar o
melhor pela sua família, sem poder fazê-lo!
São Bento, grande mestre da
espiritualidade, diz que o abade de um mosteiro tem que mostrar a atitude dura
de um mestre e a ternura de um pai. O mesmo deveria se aplicar aos pais de
família. Devem ser tanto carinhosos com seus filhos, enquanto agem com firmeza
em sua educação.
Que a Semana Nacional da Família,
ecoando o tema do Encontro Mundial das Famílias com o Papa, neste ano, em
Milão, “A família, o trabalho e a festa” nos ajude a apresentar a beleza da
vida em família cristã que procura ouvir a voz de Deus e colocar em prática a
Sua Palavra. Eis um belo momento de apresentar ao mundo a importância e a
necessidade das famílias cristãs e a proposta de sua presença na sociedade!
Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.
http://www.catolicoscomjesus.com/2012/08/o-pai-e-familia-dom-orani.html#more
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