segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

“A estrela que brilha em nossa noite escura”


Nesta festa da manifestação do Senhor como luz do mundo, os Magos que seguem uma estrela no coração da noite escura nos convidam a fazer caminho com eles. Ao longo do caminho, passamos pela multidão de crianças que neste ano 2012 sofreram algum tipo de violência aqui no Brasil e no mundo e buscamos pistas para um ano novo diferente.

Assim como os Magos do Oriente nós também hoje somos chamados a perguntar: “Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer?” Ele continua nascendo, continua com sua mãe nas periferias de um mundo que busca o poder e a dominação; continua escondido nos sonhos, medos e esperanças que nas noites escuras as famílias de nosso país experimentam...
Desde que Deus assumiu nossa condição humana esvaziando se de seu poder para se transformar em dom e serviço à humanidade, uma nova esperança se abriu para todos nós, mas não é uma esperança fácil... para compreendê la e experimentá la, são necessárias algumas condições, conforme nos indica a liturgia deste domingo:
A primeira condição é sair do próprio lugar e buscar. Magos do Oriente saíram guiados por uma estrela e não se importaram com o que os outros diziam deles.. não temeram ir até o palácio de Herodes em Jerusalém e perguntar entre as luzes da cidade onde estava Aquele que é a Luz do mundo. Na busca eles perguntam, manifestam seu desejo e denunciam que uma Boa Nova pode ser ameaça para quem gosta de ficar no escuro. Herodes e a cidade ficam perturbados com a busca dos magos, sobretudo quando, relendo a Sagrada Escritura se dão conta que o Rei nasce na periferia, o grande se faz pequeno, o Senhor se faz Servo, e Belém é o berço do Pastor que cuida de Israel, o povo de Deus. 
A segunda condição é acreditar. Mesmo alarmado, Herodes indica aos Magos o caminho da periferia. Falsamente se diz interessado em adorar o menino. Os Magos deixam se guiar pela estrela, mas acreditam nas pistas humanas que encontram. Eles avançam para dentro da noite escura e é lá que se reencontram com a estrela. 
A terceira condição é deixar a alegria invadir o coração. Diz o texto que ao verem de novo a estrela, os Magos sentiram uma alegria muito grande. A alegria é dom e conquista! Para estes peregrinos é o sinal da resposta de Deus. Diante de um menino com sua mãe a alegria renasce para os de perto e de longe. A ternura materna e a esperança que um recém nascido traz devolvem o brilho ao olhar de quem caminha no escuro, trazem um novo sentido à vida, manifestam que Deus está no meio de nós.
Finalmente é preciso abrir os cofres e oferecer ao menino o que temos de mais precioso. Os magos oferecem seus tesouros: ouro, incenso e mirra. Tesouros preciosos com um sentido muito real: este menino traz a esperança de um novo amanhecer; traz para a humanidade o sorriso de Deus a quem louvamos com nosso incenso; traz a verdade que incomoda e por isso é perseguida e eliminada, precisará de mirra para aliviar a dor de suas feridas. 
Vivemos tempos de noites escuras! Enquanto uma só criança for agredida, violentada, desrespeitada, não poderemos permanecer em paz, precisaremos sair como os magos para devolver aos pequeninos sua dignidade.
Seja esta festa da Epifania um convite a um novo olhar sobre a criança. Um apelo a sair de nosso cômodo lugar para ir ao encontro da nova geração que espera de nós um gesto de solidariedade, adoração e serviço. 
A primeira leitura da liturgia nos diz: “Levanta te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor!” Levantemo nos! Caminhemos na fé! Deixemo nos invadir pela alegria da criança que é luz! Ofereçamos ao menino recém nascido nossos melhores presentes! Ele é a presença do Deus conosco! Ele é nossa vida e esperança.
Que nesta Eucaristia encontremos n’Ele a força e a coragem de defender as crianças, protegê las com o que temos de melhor e garantir lhes um ano de menos violência e mais alegria, menos guerras e mais paz.
Que como os Magos, voltemos para nossas casas por um novo caminho, pois no sonho também deste tempo, o Senhor nos revela que o caminho da vida recomeça a partir dos pequenos e das periferias da história.

Pe. Marcos Paulo Cestare de Souza

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