domingo, 3 de março de 2013

Homilia para o 3º Domingo da Quaresma


Deus é clemente e misericordioso

Vivemos dias de perplexidade e insegurança. Duas meninas, nas últimas semanas, foram vítimas de violência... Rios na Amazônia estão secando... muitas pessoas vem sendo mortas impunemente... a imprensa nos questiona, nos desafia: até quando?
Neste tempo, muitas vezes temos a sensação do “silêncio de Deus” e ficamos comentando os fatos a partir de nossa indignação e sofrimento.
A liturgia deste terceiro domingo da Quaresma nos adverte: “Tira as sandalias dos teus pés”; “Se não vos converterdes, perecereis...” ; “Não murmureis..”
A luz destas palavras é para nós como que um clarão que não pode nos deixar indiferentes. 
Certamente Moisés já não agüentava ver seus irmãos e irmãs sofrendo a humilhação e a escravidão no Egito; certamente a violência do poder romano feita aos Galileus no tempo de Jesus era motivo de muita perplexidade, assim como a violência que testemunhamos hoje...
O passar dos tempos não diminui o impacto do sofrimento nem pode deixar ninguém indiferente. Seja para Moisés, seja para os contemporâneos de Jesus, como para nós hoje, o convite é o mesmo: conversão.
O que significa nos converter, diante da situação que vivemos?
É difícil responder a essa pergunta, mas os gestos, as atitudes concretas são um caminho para uma prática que indica conversão:
• Romper o círculo da violência com os pequenos gestos de solidariedade, de perdão e de paz;
• Alargar as fileiras dos que clamam pela não violência;
• Superar o medo do outro, do diferente... ter a coragem de ver no outro um irmão, não um inimigo em potencial..
• Sair do nosso pequeno mundo para ir ao encontro dos que são classificados como pecadores, condenados, “bandidos”...
• Superar preconceitos, questionar impulsos de mágoa, vingança, ressentimento...

“Deus é clemente e misericordioso”, rezamos no salmo. Seja este Deus a fonte de nossa força, de nosso desejo e prática de conversão neste tempo favorável.
Que o encontro com Cristo na Eucaristia nos leve ao encontro com Ele no irmão e na irmã que sofre. Que esta Quaresma seja para todos nós uma ocasião de um novo agir: aquele que é fruto de uma profunda atitude de conversão.

Pe. Marcos Paulo Cestare de S
ouza

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